Recuperação e preservação de Livros Antigos

Na era digital há quem não esqueça a importância dos livros em papel. Mas muitos originais estão em mau estado e precisam de ser preservados.
Na Biblioteca Nacional de Lisboa, um dos processos é a reintegração mecânica do papel.

Notícia da RTP 1 sobre livros antigos:

segue-se o link https://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=361434&tema=32

Passos a seguir para conservar e recuperar livros antigos

    Livros criados nos fins do século XVIII até actualmente são as maiores vítimas de deterioração e envelhecimento, e isso deve-se à má qualidade da matéria prima e do processamento com produtos agressivos, o que, aliado aos altos valores de humidade e temperatura, propiciam o enfraquecimento e por seguinte a fragmentação do papel e para reverter este prejuízo a única opção será recorrer a um laboratório, utilizando a técnica de banho das folhas para desacidificá-las

    Como medida de conservação de acervos é sugerido a higienização constante das instalações. Se a colecção está em estantes de madeira, o melhor será passá-la para estantes de aço. Retirar os volumes das prateleiras, proceder a limpeza das mesmas (as prateleiras) com um pano ligeiramente húmido.

    Relativamente à limpeza do interior do volume esta deverá ser feita com uma trincha bastante macia, página por página, se possível num local ventilado, utilizando máscara e luvas cirúrgicas, de maneira a evitar problemas de alergia ou contaminação por fungos. Essa operação não deve ser feita com aspirador de pó, pois a sucção poderá danificar irreparavelmente uma folha já fragilizada.

    Fazer a limpeza dos cortes dos volumes com flanela de cor branca, seca, ou com uma trincha estreita e macia, tendo o cuidado de manter o volume bem fechado (em laboratório usa-se a chamada "prensa vertical"), para que o pó não infiltre ou aconteçam rasgos nas páginas. Se os cortes estiverem muito enegrecidos, sujos de gordura ou com marcas deixadas por insectos pode-se fazer a limpeza com uma lixa fina e, em movimentos suaves ao longo do corte. Proteja a capa do atrito da lixa inserindo uma folha de papel como uma orelha entre a beirada da capa e o corte ou miolo do volume.

    Depois dessa operação de limpeza, se o volume tem capa de couro, ou apenas a lombada em couro, passar um pano ou flanela secos para retirar a poeira e em seguida aplicar uma cera incolor própria à base de cera de abelha por exemplo, sempre em movimentos circulares com os dedos o que facilita a penetração da cera. Mas verifique antes se o estado do couro suportará essa operação. Não a faça se o couro estiver muito ressacado e já formando pó.

    Convêm ter cuidado para não sujar ou destacar a impressão a ouro acaso existente no dorso do volume, deve-se ter também cuidado nessa operação para não atingir as partes de papel do volume. Colocar o volume em pé ligeiramente aberto e no dia seguinte dar o polimento com flanela para remover o excesso de cera e dar brilho.

    Climatização é a forma mais eficiente de conservação, para tal é necessário que a ambientação permaneça estável, com valores em torno de 18 a 20 graus centígrados de temperatura e 55 a 60% de humidade relativa do ar. Geralmente faz-se se necessário um sistema combinado de refrigeração e de desumidificação.

    Os raios ultravioletas presentes na luz solar, assim como a iluminação artificial causam bastantes danos aos materiais usados nos livros, entre outros danos, eles contribuem para a oxidação da celulose do papel, pela acção fotoquímica. É preciso observar a incidência de uma e de outra e minimizar tanto a incidência da luz solar, fechando janelas, quanto da luz artificial, diminuindo a exposição do acervo à luz eléctrica.

Os livros quando muito comprimidos nas prateleiras, obrigam a sua retirada de maneira incorrecta, o que danifica as lombadas e fatalmente leva ao dano da encadernação, tanto em livros antigos como mais recentes.

Como recuperar um documento velho e ressecado

    Documentos antigos que foram mantidos em envelopes, geralmente ficam com as suas dobras rígidas. O tratamento a este tipo de documentos deve ser feito num laboratório, onde existam recursos que evitarão inutilizar o documento.

    A técnica a ser utilizada neste caso combina a humidificação e pressão, no entanto, a humidificação pode fazer uma tinta lavável, geralmente usada em manuscritos, se esta se espalhar e borrar as letras. Também o grau de humidade que um papel pode suportar varia muito, logo a humidade tem que ser cuidadosamente verificada. Também a pressão não pode ser aplicada de uma vez, esta deve ser aumentada gradualmente e com segurança, ao longo de vários dias.

    Se o problema não for muito sério, e o dono do documento não tiver como obter a ajuda do laboratório de um Arquivo ou Biblioteca ou até mesmo de um centro de restauro, o que a pessoa pode fazer, é a aplicação suave de pressão, utilizando apenas a própria humidade ambiente e depois de, com cuidado, abri-lo o quanto for possível nas dobras, sem rasgar o papel, deve-se colocar o documento debaixo de um vidro plano fino e leve, sobre um suporte plano, limpo e neutro, acrescentando gradualmente, a cada dia, um mínimo de peso ao vidro fino superior (por exemplo, algumas pequenas moedas). Este procedimento poderá desfazer as dobras pelo menos o suficiente para o documento ser guardado numa pasta suspensa de cartolina desacidificada.

    Há muitas medidas de segurança a serem tomadas não apenas contra incêndio, inundações, etc. mas também quanto ao roubo de documentos e livros raros, a destacar páginas, e outros procedimentos criminosos por parte do leitor. É importante, além desses cuidados, verificar também se o pesquisador está qualificado para utilizar o material que vai pesquisar, ou devidamente autorizado para a consulta que faz.

    Temperatura, Humidade e luminosidade inadequadas e alterações químicas das substâncias que entram na composição do papel também causam a sua degeneração.

    Mas os maiores danos que podem ser causados aos livros e documentos são os decorrentes de acidentes e dos maus-tratos que recebem do homem que o utiliza.

    O conhecimento das causas que diminuem a vida do livro ou documento vai permitir que se tome decisão no sentido de criar condições favoráveis de armazenagem e uso para reduzir ao máximo os factores causadores da sua degradação