Conservação, Preservação e Restauro

Guternberg

 

            Desde o século XVI a máquina impressora é descrita como tendo literalmente marcado uma época. Francis Bacon vinculava a imprensa ao progresso do conhecimento.

            A imprensa foi descrita pelo humanista francês Guillaume Fichet (introduziu a máquina impressora em Paris) como o “cavalo de Tróia”. Os copistas e os “papeleiros” (que vendiam livros manuscritos) e os cantores contadores de histórias profissionais, todos temiam que a imprensa os privaria de seu meio de vida

            Os que procuravam o conhecimento, também enfrentavam problemas devido à “explosão” da informação. A informação alastrou-se “em quantidades nunca vistas e numa velocidade inaudita”. Alguns estudiosos logo notaram as desvantagens do novo sistema.

           Na alta Idade Média o problema fora a escassez, a falta de livros. “Os livros eram uma “floresta” na qual os leitores poderiam se perder, segundo Jean Calvin e eram um “oceano” pelo qual os leitores tinham de navegar, ou uma “inundação” de material impresso em meio a qual era difícil não se afogar”.

            Até mesmo Conrad Gesner, o humanista suíço que cunhou a expressão “a ordem dos livros” (ordo librorum), também se queixava da “multidão confusa e irritante de livros” (confusa et noxia illa librorum multitudo). Mais que uma ordem de livros, o que alguns contemporâneos percebiam era uma “desordem de livros” que precisava ser controlada.

            A multiplicação dos livros criou imediatamente um problema para um grupo profissional, o dos bibliotecários, embora seja óbvio que eles se tornaram ainda mais indispensáveis. A existência de livros impressos facilitou mais do que nunca a tarefa de encontrar informações, mas contudo também existia o problema do acesso. Com o aparecimento de bibliografias em meados do século XVI, o aparecimento de resenhas cem anos mais tarde foi uma resposta a um problema que se tornara cada vez mais agudo, o problema do discernimento, como o chamava Baillet, noutras palavras o de discernir entre os bons e os maus livros. Às bibliografias logo se juntaram estantes de outros livros de referência. Tinham títulos tais como “castelo”, “compêndio”, “corpus”, “catálogo”, “floresta”, “inventário”, biblioteca”, “espelho”, “repertório”, “teatro” ou “tesouro”, e ofereciam informações sobre palavras (dicionários), pessoas (dicionários biográficos), lugares (dicionários geográficos e atlas), datas (cronologias) e coisas (enciclopédias).

            Mudanças também ocorreram na maneira de escrever, especificamente, surgiu a “nota de rodapé”. O que aconteceu de importante foi a difusão da prática erudita de providenciar algum tipo de orientação para o leitor de um determinado texto, onde encontrar provas e informação adicional, podendo essa orientação aparecer no próprio texto, na margem (“nota lateral”), no pé da página (“notas inferiores”), no fim do texto ou em apêndices especiais contendo documentos.

            Finalmente, houve mudanças na organização da informação, especialmente com o surgimento da ordem alfabética em substituição à organização por assunto. Uma das consequências sociais da organização da informação foi o surgimento de novas ocupações. A imprensa trouxe consigo não apenas um novo grupo social de editores, mas também aliou ocupações tais como a de revisor e bibliotecário A eles se juntaram, nos séculos XVII e XVIII, na execução da tarefa de administrar materiais impressos, indexadores, editores e catalogadores profissionais ou semiprofissionais e compiladores de enciclopédias.

 

 

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