Conservação, Preservação e Restauro

Os bens culturais são produtos concretos do homem, resultantes da sua capacidade de convivência com o meio ambiente, tais como objectos artísticos e/ou históricos, por exemplo: construções, obras plásticas, literárias e musicais. Esses bens, como tal, testemunham materialmente a cultura humana e são importantes tanto para o conhecimento da história das civilizações como para os povos contemporâneos possam ver seus passados reflectidos nesses objectos e construir sua identidade.
Um estudo da história da humanidade nos mostra que desde tempos remotos existe preocupação em proteger os bens culturais da deterioração, conforme afirma ELIAS (2002 p. 16). Na Idade Antiga (que se inicia por volta do ano 3400 a.C. indo até o ano 476 d.C.) a civilização egípcia, por exemplo, visava manter o corpo físico de seus líderes (faraós) intactos, após a sua morte, por meio da mumificação, processo no qual o cadáver era submetido a um processo de embalsamamento com a utilização do sal como elemento preservativo.
Durante os séculos XVII e XVIII iniciaram-se pesquisas sobre causas da degradação. Nesse período, o pintor - restaurador Carlo Maratta dedicou-se a estudar meios para evitar problemas de deterioração em pinturas (ELIAS, 2002).
Ruskin, indiretamente, deu os primeiros passos na direção da conservação preventiva, ao defender que as pedras de edifício ancestral deveriam ser tratadas como as jóias de uma coroa e que esse edifício sendo tratado com ternura e com respeito veria nascer e desaparecer à sombra de seus muros mais de uma geração (KOLLER, 1994), ao privilegiar a integridade e autenticidade física do bem e ao atentar para o fato de que a vigilância a um velho edifício, por meio dos melhores cuidados possíveis, o salvaria de qualquer causa de degradação.
Com o advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), novas correlações de forças estabeleceram-se no mundo. Devido aos estragos por ela provocados, tornaram-se necessárias maiores habilidades para tratar os bens culturais danificados.
A Carta de Veneza foi elaborada no II Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos (1964) e contribuiu para o progresso da conservação preventiva ao incluí-la, ainda que indirectamente, nas directrizes políticas do património cultural, reafirmando a relevância dos bens culturais e introduzindo a noção de conservação.
Em Anexo E, oferece abordagens preventivas envolvendo livros. Consta nesse anexo a orientação para que, em casos de restauração, sejam evitadas todas as operações que possam alterar o aspecto e o valor global dos exemplares.
A rápida deterioração dos livros impressos, após o ano de 1840, faz com que a sua sobrevivência esteja ameaçada devido às más condições de armazenamento, rotinas de processamento e desgaste causado pelo uso. Além destes factores, verifica-se que quase todo o papel disponível é muito ácido e com os novos meios de informação, como são exemplo as fitas magnéticas, fotografias a cores, discos ópticos, todos eles com vida curta, sendo que se agrava ainda mais a capacidade das bibliotecas de garantirem a disponibilidade desses materiais.
Para tal são utilizados recursos tais como a Conservação Preventiva e a Conservação Correctiva.
A Conservação Preventiva actua na deterioração do acervo com o objectivo de prevenir os danos. São práticas de protecção que incluem o monitoramento das condições ambientais, higienização, procedimentos de manutenção e planeamento de desastres. A Conservação Correctiva, serve para remediar a deterioração química ou física. É o processo de utilização da mão-de-obra especializada, por profissionais qualificados, em consequência os seus custos são elevados e a aplicação limita-se apenas às partes seleccionadas do respectivo acervo.
O método mais eficiente para garantir uma vida longa do acervo, é prevenir da melhor forma possível, a sua deterioração. Assim, o planeamento da preservação, não deve ser encarado como um elemento novo, mas sim, como um componente das operações e responsabilidades da instituição.